A safra de pêssegos no Rio Grande do Sul em 2024 deverá ser semelhante à do ano passado, com previsão de 130 mil toneladas, devido a uma série de fatores climáticos adversos, como excesso de chuvas, períodos de calor intenso e a falta de frio, que comprometeram o desenvolvimento da fruta. Em 2023, o Estado já havia registrado uma colheita de 130,8 mil toneladas, segundo a Emater/RS-Ascar, número que deve se repetir em 2024.
As condições climáticas que afetaram a safra de pêssegos se estenderam a outras regiões produtoras do país. Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais também sofreram perdas significativas devido ao calor excessivo e à seca, com quedas de até 70% em algumas propriedades. No Rio Grande do Sul, o problema foi particularmente grave nas variedades precoces, que requerem menos tempo de exposição ao frio. As variedades mais tardias, que maturam de novembro a dezembro, apresentam uma previsão de colheita mais próxima ao normal.
As regiões de Pelotas e Pinto Bandeira continuam sendo as maiores produtoras de pêssegos no Brasil, com Pelotas voltada principalmente para a produção industrial e Pinto Bandeira destacando-se pela produção de pêssegos de mesa. No entanto, ambas as regiões têm enfrentado dificuldades, como a redução da área de cultivo e o abandono da atividade por parte de alguns produtores. A migração para outras culturas, como a viticultura, também tem sido um fenômeno crescente, especialmente devido à alta perecibilidade da fruta e aos impactos climáticos recorrentes.
Em Pelotas, por exemplo, a colheita de 2023 foi de 25 mil toneladas, com uma previsão de safra similar para 2024. A constante queda nas produções tem sido acompanhada por uma diminuição das áreas de cultivo e do número de produtores, que passou de 1.200 para cerca de 1.000 nos últimos anos. A situação também é observada em Pinto Bandeira, onde o cultivo de pêssegos está sendo impactado por chuvas intensas e por deslizamentos de terra que atingiram áreas de cultivo das variedades precoces.
A pesquisa da Embrapa Clima Temperado aponta que o clima instável é o principal responsável pela diminuição da produção de pêssegos nos últimos anos, afetando tanto a qualidade quanto a quantidade da fruta. A oscilação de temperaturas, com calor seguido de geadas, é especialmente prejudicial para o pessegueiro, uma planta que exige condições climáticas mais estáveis.
Com a previsão de safra de pêssego em 2024 praticamente igual à de 2023, as perspectivas para o setor seguem desafiadoras, especialmente devido à instabilidade climática que vem afetando a produção de frutas no Brasil nos últimos anos.