O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira (5), um novo programa que oferece incentivos financeiros e apoio logístico a imigrantes em situação irregular que decidirem retornar voluntariamente aos seus países de origem. A iniciativa faz parte das medidas mais recentes do presidente Donald Trump, que desde o início de seu segundo mandato, em janeiro, tem adotado políticas mais duras para conter a migração.
Segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS), os imigrantes que utilizarem o aplicativo oficial CBP Home para informar sua intenção de deixar os EUA receberão US$ 1.000 (cerca de R$ 5.673) após a confirmação do retorno ao país de origem. O programa também oferece assistência de viagem.
O governo classifica a ação como uma “oportunidade histórica” para que estrangeiros em situação irregular deixem o país de forma voluntária e segura, sem enfrentar processos de detenção ou deportação forçada. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, afirmou que a autodeportação é a alternativa "mais segura e econômica" para quem está nos Estados Unidos sem documentação.
De acordo com o DHS, o custo médio de um processo tradicional de deportação — que inclui detenção, custódia e remoção — gira em torno de US$ 17.121 (aproximadamente R$ 97 mil). Com o novo programa, o governo estima uma economia de até 70% por deportação, mesmo com o pagamento do bônus de US$ 1.000.
O aplicativo já começou a ser utilizado. Segundo o DHS, um cidadão hondurenho foi o primeiro a participar do programa, recebendo passagem de avião de Chicago para Honduras.
Durante uma reunião de gabinete em abril, Noem mencionou que cerca de 20 a 21 milhões de pessoas estariam em situação irregular nos EUA e “precisariam voltar para casa”. Dados oficiais de 2022 estimam esse número em cerca de 11 milhões.
O governo Trump tem tratado com maior rigor casos de imigração irregular, incluindo pessoas que atravessaram a fronteira sem autorização e solicitantes de asilo, especialmente aqueles que chegaram ao país durante o governo anterior, de Joe Biden. A atual administração considera muitos desses imigrantes como criminosos.
Em 2025, mais de 168 mil migrantes foram detidos pelas autoridades, incluindo mais de 600 indivíduos identificados como supostos membros do grupo criminoso Tren de Aragua, organização venezuelana que Trump rotulou como “terrorista” em escala global.
Segundo a Casa Branca, quase 300 pessoas acusadas de pertencer às gangues Tren de Aragua e MS-13 foram deportadas para o Centro de Confinamento de Terrorismo (Cecot), em El Salvador. Em troca, o governo salvadorenho teria recebido um pagamento de US$ 6 milhões (R$ 34 milhões).
No entanto, advogados de alguns deportados negam envolvimento com organizações criminosas, alegando que seus clientes foram presos com base apenas na presença de tatuagens. Organizações de direitos civis também têm criticado o programa, denunciando falta de garantias legais e expulsões sem o devido processo.