A partir desta terça-feira, 6 de maio, os cardeais começaram a se instalar na residência de Santa Marta e outras dependências do Vaticano, onde permanecerão isolados do mundo durante o conclave. O processo de escolha do novo papa, sucessor de Francisco, será conduzido em total sigilo até a eleição do 267º pontífice.
A identidade do futuro papa é aguardada com grande expectativa por 1,4 bilhão de católicos e pelo mundo, após o pontificado de Francisco, marcado por reformas que geraram tanto entusiasmo quanto divisões internas na Igreja. O cardeal Jean-Paul Vesco, arcebispo de Argel, mencionou ao Corriere della Sera que existem “pelo menos cinco ou seis” perfis que poderiam ser escolhidos como novos líderes da Igreja Católica.
O conclave começará oficialmente na quarta-feira, 7 de maio. A partir das 15h (10h de Brasília), os sinais de telefonia serão cortados no interior do Vaticano, como medida para garantir o isolamento dos cardeais e impedir qualquer influência externa, conforme informado pela Santa Sé. Durante o período do conclave, os cardeais não terão acesso a telefones, internet ou qualquer outro meio de comunicação, e deverão manter total sigilo sobre o processo eleitoral.
Enquanto isso, milhares de pessoas estarão reunidas na Praça de São Pedro, aguardando a fumaça branca da chaminé da Capela Sistina, sinalizando a eleição do novo papa. A expectativa é grande, especialmente após os conclaves de 2005 e 2013, que levaram à escolha de Bento XVI e Francisco, respectivamente. Embora esses conclaves tenham durado dois dias, alguns analistas acreditam que o processo de 2025 poderá se prolongar devido à grande diversidade de cardeais presentes, com representantes de 70 países, tornando-o o conclave mais internacional da história.
Preparativos e Sigilo
O conclave contará com a participação de 133 cardeais eleitores, todos com menos de 80 anos. A maioria foi nomeada durante o pontificado de Francisco. O grande número de cardeais fez com que a residência de Santa Marta, onde eles se hospedam desde 2005, ficasse pequena. Em razão disso, um edifício vizinho foi adaptado para acomodar os cardeais adicionais.
Antes de 2005, os cardeais se hospedavam em quartos improvisados no Palácio Apostólico, o que motivou a construção da atual residência. Santa Marta oferece quartos com banheiro privado e serviços de qualidade semelhantes aos de um hotel. A distribuição dos quartos entre os cardeais foi realizada por sorteio.
Os cardeais terão acesso aos seus quartos entre esta terça-feira e a missa de quarta-feira na Basílica de São Pedro, que antecede o início oficial do conclave. Durante este período, os dispositivos móveis devem ser guardados, e os cardeais terão a obrigação de manter sigilo sobre todos os aspectos do conclave.
Funcionários do Vaticano que prestarão apoio durante o evento, como médicos, trabalhadores do refeitório, ascensoristas e serviços de limpeza, também se comprometeram a manter o sigilo absoluto, sob pena de excomunhão.
Nesta terça-feira, os cardeais realizaram a última reunião preparatória, que ocorre quase diariamente desde o falecimento de papa Francisco em 21 de abril. Nessas reuniões, foram discutidos temas cruciais para a Igreja, como as finanças do Vaticano, o escândalo de abusos sexuais, a unidade da Igreja e o perfil do próximo papa. Esses encontros também serviram para que os cardeais se conhecessem melhor, uma vez que o voto final, feito na Capela Sistina diante do afresco do Juízo Final de Michelangelo, será um momento de profunda reflexão.
O cardeal Vesco concluiu: “Há candidatos naturais, conhecidos por seu papel e personalidade. E depois, há aqueles que falam e fazem você pensar: essa é uma afirmação forte. Mas não há ninguém que se destaque de forma clara, nenhum que ‘esmague’ os outros.”
